sexta-feira, 18 de julho de 2014

Persistência. Ponto.

Tenho sido cobrado de escrever sobre a minha experiência como corredor, no meu caso um corredor tardio.  Não por acaso o título deste blog.

Apesar de minha intenção não ser essa, ao decidir escrever um blog, vamos lá...

Por que "corredor tardio" ?

Bem, desde pequeno me vi envolvido com alguma atividade esportiva de forma completamente lúdica, como dizem por aí.  Ora jogava bola, ora handebol, outras vezes vôlei e por aí fui.  Cresci e alguns esportes mudaram.  Tomei gosto pelo Karatê e pela Caça-submarina.

Nunca fui um "atleta" aplicado, buscava antes de tudo me divertir.  Ficava por demasiado feliz quando alcançava uma conquista, um troféu, mas por outro lado não costumava me abater nos reveses.  Em todas essas atividades, principalmente quando eram ligadas às aulas de educação física, eu tinha que correr, ou melhor aquecer correndo.  Odiava.  Como eu queria era curtir o esporte em si, aquela etapa de aquecimento me torturava.

As responsabilidades profissionais foram aumentando e me deparei com, talvez, o maior obstáculo da boa forma, a falta de tempo. Foram-se os esportes e me envolvi por completo no "mundo das finanças".  Claro que isso teve um preço.  E não era apresentado em expressão monetária mas em quilos!

Tentei algumas vezes me organizar e praticar alguma atividade física, mas fora as peladas eventuais, só conseguia tempo para "uma corridinha".  Pensava, "tenho que me mexer", procurava um par de tênis nessas lojas de 1,99 (bom, era quase isso...), calçava e ia para o calçadão.  Primeiro dia 4 km, segundo 8 km, terceiro 12 km, quarto inflamação e dores lancinantes!  "Não sirvo pra isto!", "Eu odeio correr!" eram as frases subsequentes!

Passados uns anos, encontrei por acaso um site sobre trekking.  A internet ainda estava na sua adolescência aqui no Brasil mas, curioso como sempre fui, eu já dava minhas "talagadas" por ela. Fuça daqui, destrincha dali... Pô, é isso, trekking de regularidade!

Descobri uma atividade prazeirosa, onde eu faria algum exercício e não ocuparia meu tempo durante a semana.  Bingo!

Este foi um esporte que me conquistou de imediato, logo na primeira etapa do campeonato.
Sim, existe um campeonato no qual equipes disputam errar menos em andar por trilhas maravilhosas, seja sendo mais "regulares" em relação ao tempo de deslocamento, seja na navegação do caminho.  Mais detalhes encontrarão na Trilha Carioca (www.trilhacarioca.com.br).


Acontece que, de uma simples empolgação de primeira viagem, o trekking se tornou uma paixão.

Com as tarefas diárias já mais ou menos organizadas, acabava que sobrava tempo durante a semana para aprimorar a técnica do trekking, buscando melhorar a performance nas etapas.

Mas... (sempre ele, esse maldito "mas"!)  Queria ser cada vez mais preciso nos meus passos para conquistas mais frequentes no trekking.  Comecei a sentir fortemente a necessidade de melhorar o condicionamento físico.  E isso passava por onde?  Claro, a corrida!  Odiava.

Em um bate-papo pós-etapa com amigos "veteranos" do trekking, alguém comentou sobre uma corrida de revezamento que ocorreria alguns meses à frente.  Eram necessários 10 corredores para a equipe, onde cada um correria 4 km, perfazendo um total de 40 km.  "Cara, isso pode ser um incentivo para eu treinar a corrida!  Treino, participo da prova com os amigos, me divirto e ainda posso melhorar no trekking!  Bora lá!".

Foram meses de tentativas, de erros, de acertos, treinando sozinho em uma pista dura de cimento no clube, curtinha, onde eu ficava dando voltas sem fim para obter o tal condicionamento.  Um sacrifício insano, para meus moldes.  Treinava 3 km, morto, mas me sentia no caminho certo.  Mas devido ao despreparo "técnico", ao tênis ruim e tal, acabei novamente me lesionando e as "frases subsequentes" retornaram.

Participei da corrida junto com os amigos, não sem antes ficarmos "apostando" quem iria fazer o menor tempo, plantando falsos tempos de treino nas conversas, enfim, colocando pressão na turma.  Foi um fiasco da minha parte.  4 km de um sofrimento horroroso.  "Nunca mais faço isso!".


Consegui o condicionamento?  Não, arrumei mais uma frase.

Nessa época eu já contava 40 anos de vida e devido aos tropeços na minha trajetória como corredor, que até ali era ridiculamente curta, sentia-me incapaz de vir a praticar esse esporte.

Poucos anos após o fiasco do revezamento, logo ao retornar de umas merecidas férias, me pego avaliando umas fotos dos passeios na praia com a família.  Sentia que algo ali me incomodava mas não conseguia atinar o quê.  Pronto! É isso! A barriga!  Vi um "peixe-boi humano" descansando na esteira ou flutuando no mar.  Bem, isso para meus padrões.  Sempre fui esguio, mantive uma média de 70 kg de peso durante boa parte da minha fase de jovem adulto mas o que eu via ali em nada me agradou.  Ao pesar-me, a triste constatação... 85 kg!  Para 1,72m de altura isso não é o fim do mundo mas é bem ruim.

Hora de tirar as cadeiras da cadeira!  Obriguei-me a entrar para uma academia.  A minha relação com pista de cimento tinha sido das mais conturbadas mas talvez a maciez da esteira ajudasse, pensei.

Consegui engrenar umas corridinhas 3 vezes na semana.  30 min de puro esforço.  Terminava exausto e com 4 km piscando no mostrador da esteira, quase uma acusação!  Não que fazer 4 km em 30 min, ou correr mais devagar, seja demérito algum, pelo contrário, mas com meu histórico de diversos esportes ao longo dos anos, eu esperava mais de mim.  Ao menos queria esperar!

Fui na batalha diária contra a esteira e minhas limitações, mas ia.  Tinha que ir.  A falta de fôlego nas escadas, a falta de agilidade física, a fraqueza nas pernas tinham que ser combatidas.  Precisava ao menos reconquistar um pouco da minha dignidade de atleta de fim de semana!

Bem, tem uma frase que diz "o acaso não existe".  Ok, mas que foi "por acaso" que as coisas tomaram outro rumo para mim, foi.

Num bate-papo na copa da empresa, famoso cafezinho da tarde, encontro um colega de trabalho, "fininho", com ar cansado mas cheio de disposição.

"Poxa, cara, o que tem feito?"  Sou um cara curioso, como já disse.  O meu amigo estava em pleno treinamento para competir no Ironman, competição de Triathlon, onde o dito cujo iria, depois de não sei quantos quilômetros de natação e ciclismo, correr uma Maratona!  42 km depois disso tudo? "Cê é doido!".

Mas aquilo ficou na minha cabeça.  Como um sujeito consegue treinar para realizar um feito dessa magnitude trabalhando tanto ou mais do que eu?  Qual é o segredo?

"Segredo algum" respondeu-me ele no dia seguinte.  Lógico que fui abordá-lo para sanar essa pulga que estava plantada atrás da minha orelha.  "Questão de treino supervisionado, planilhas, acompanhamento, disciplina e organização".  Simples, né?!

Foi a partir dai que dei uma guinada na minha percepção sobre o esporte.  Ele indicou seu treinador, "liga pro Max e passa lá, você vai gostar!".  O que fiz no mesmo dia.

Conversa realizada, visita agendada e vamos ver qual é dessas planilhas.

A empatia foi muito importante para meu engajamento logo a partir do meu primeiro dia como "assessorado".  Além de demonstrar segurança e conhecimento sobre a corrida em si, o treinador foi bastante receptivo.  Fez-me sentir veterano na equipe logo de largada.


Fiz um breve relato de meus infortúnios na corrida, o que vinha fazendo e tal e em seguida lá estava eu  fazendo meu primeiro treino na Lagoa!  "Faz tantos minutos de aquecimento leve, faz assim e assado depois, etc" e pronto.

Fiz tudo o que falou e terminei bem, com um cansaço bom e, para minha surpresa, tinha corrido 6 km em 40 min.  Um recorde!

Esse dia me animou de uma tal forma que pensei, "acho que isso é pra mim".  Estava, então, com 45 anos.  Achava-me meio passado em anos para começar com planilha, treinador, mas queria ver no que isso ia dar...

Conto mais depois.



sexta-feira, 13 de junho de 2014

E agora os tênis de trilha!

A questão da trilha já implica em mais algumas considerações.
Passei um tempo me perguntando se fazia sentido toda aquela questão de ter pisada pronada, neutra ou supinada quando o assunto é trilha.  

Digo isso pelo simples fato dos tênis de asfalto terem estruturas em sua fabricação que se ajustam, ou melhor, ajustam a forma como o pé "rola" durante a passada.  
Lembremos que o asfalto é liso, na maioria das vezes!  E as trilhas?
Bom, de liso não têm nada!  Logo, corrigir como o pé rola, na trilha, soa estranho.

Para mim a principal questão no caso das trilhas, e a que fazia mais sentido, era em relação ao peso e à aderência dos tênis.  Afinal, trilhas são caminhos em matas, com subidas e descidas, e que demandam movimentos um pouco diferentes dos usuais em asfalto, onde acabamos por elevar os joelhos um pouco mais.  Vale cada grama a menos correr nesse tipo de terreno com um tênis mais leve!

Eu disse terreno?  Pois aí é que entra a aderência da sola dos tênis! A dificuldade na escolha do tênis adequado está no tipo de terreno que você vai enfrentar em seus treinos e provas.  Aqui temos uma questão secundária mas nem por isso menos importante, amortecimento maior ou não?  E o quanto a mais de amortecimento?  Pois isso implica em mais peso...

Lendo a opinião de vários corredores de trilhas, perguntando a outros, cheguei a uma "conclusão inconclusiva": barro, areia, estradas de terra e muita variação acumulada na altimetria? Tênis leve, pouco amortecimento (o básico) e com sola de boa aderência (ou grip).  No meu caso, optei por usar Asics Fuji Race 3 (muito leve!).


Asics Fuji Racer 3
Ou o Pearl Izumi Peak 2 se vai ter um pouco mais de piso duro no caminho.


Pearl Izumi Peak 2
O mesmo tipo anterior mas com pista seca, tipo "tem barro não, senhor"?  Vai de tênis leve e menos grip.  Opção perfeita, aqui, é o The North Face Hyper Track!
TNF Hyper Track
Mas aqui também tem espaço para tênis com maior amortecimento, que apesar de maior peso, vale usar.  Vai pegar trechos longos em morros e montanhas com asfalto e terra dura?  Esta é a escolha!  Um ótimo exemplo:  Brooks Cascadia 8.


Brooks Cascadia 8
Bem, o importante é ter em mente que devemos checar qual é a da prova ou do treino que vamos encarar e fazer a escolha.  Se a opção de tênis é sempre uma só, o lance é treinar muito antes para não ter surpresas na prova, tipo patinação e estabacos no barro!  Mas sugiro gastar um pouco e ter ao menos dois pares, um leve e pouco grip e outro com mais grip.  O amortecimento aí é ao gosto do freguês!


Que tipo de tênis?

Ao longo dos últimos anos tenho experimentado diversos tênis, busco o que melhor se adapta aos meus objetivos e às minhas características como corredor.  
Levo em consideração algumas limitações físicas, principalmente um problema no calcanhar que me faz sentir dor de modo quase constante.
Sempre me preocupei com a melhor forma de correr, como pisar, como respirar, enfim, qual a melhor "mecânica".  Consegui alterar, com muito treino, o modo como piso durante a corrida, passando do "pisar com calcanhar" para o "pisar com o meio do pé".  
Por que essas considerações e o que isso tem a ver com os tênis?
Treinei por bastante tempo com os Asics Kayano que atendiam muito bem no quesito conforto e amorteciam minhas passadas "de calcanhar".  


Asics Kayano 19


Também usei o Trance 12 da Brooks, com características semelhantes e que me davam uma alternativa de conforto.


Brooks Trance 12

Com a mudança da pisada comecei a achar que o Kayano estava atrapalhando
o "meio pé" devido à grande diferença de altura na sola (drop) entre o calcanhar e a frente do tênis, forçando o contato do calcanhar no chão em primeiro.
Optei por tentar os Brooks e parti para o Pure Flow 2, tênis leve, com um drop calcanhar-frente menor.  Sua maciez acabou por me surpreender.


Brooks Pure Flow 2

Diferença no drop

Daí pra frente o Pure Flow virou o preferido e quase abandonei o Kayano e o Trance.
Por que "quase"?
Comecei a perceber que o Pure Flow ia muito bem nos treinos, principalmente quando realizava os intervalados e tiros curtos, mas com a sequência de treinos e a execução dos longões com ele percebi que o impacto acumulado estava começando a criar problemas.  Principal deles? Dor na planta dos pés.
Para encurtar a história, adotei os dois tipos:  Longões no asfalto? Kayano ou Trance. Treinos curtos e tiros? Pure Flow 2!
O resultado tem sido bastante promissor!
E os de trilha? Fica para o próximo post.